Uma mulher é estuprada a cada 10 minutos no Brasil. Por dia, três mulheres são vítimas de feminicídio. Estes são apenas alguns números assustadores quando o assunto é violência contra a mulher que, a cada dia mais, deixam de ser apenas estatísticas para se transformarem em nomes e rostos nas páginas de jornais e sites de notícias.
Embora os números que abrem esse texto sejam relativos à violência física e sexual, a agressão contra as mulheres também pode ser psicológica, moral e patrimonial. Por isso, é importante ficarmos atentos e atentas aos sinais de um relacionamento tóxico para identificar o quanto antes o comportamento agressivo, procurar ajuda e se afastar.
Você sabia que, em geral, as agressões em um contexto conjugal ocorrem dentro de um ciclo que é constantemente repetido? Foi o que identificou a psicóloga norte-americana Lenore Walker que o denominou como Ciclo da Violência, detalhado no site do Instituto Maria da Penha. Confira suas fases:
Fase 1 – Aumento da tensão
Um ambiente de tensão, raiva e ameaças, inclusive por coisas insignificantes. Humilhada, a vítima tende a contornar a situação, muitas vezes negando os fatos e escondendo das pessoas mais próximas. Essa situação pode durar dias ou anos, levando à Fase 2.
Fase 2 – Ato de violência
É quando a agressão se materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. Acontecem em maior frequência e intensidade. As atitudes mais comuns das vítimas são buscar ajuda, abrigar-se em casa de parentes ou amigas, denunciar e pedir a separação.
Fase 3 – Arrependimento e comportamento carinhoso
Para conseguir a reconciliação, o agressor se torna amável, diz estar arrependido das agressões e promete mudar. Esta fase também é chamada de “lua de mel”. A mulher acaba acreditando nas promessas do agressor. Após um período de calmaria, a tensão volta e, com ela, as agressões da Fase 1.
Algumas agressões machucam tanto ou mais do que a violência física. Por isso, é importante ter atenção a comportamentos agressivos, tanto de colegas de trabalho quanto de possíveis companheiros, para se proteger, se afastar e também denunciar.
Ninguém é obrigado a concordar com as opiniões contrárias, porém, menosprezar a opinião da mulher apenas por ela ser mulher, é um comportamento abusivo. Isso pode ser notado quando ele tenta “ensinar” algo, como se ela tivesse intelecto inferior, inclusive na frente de outras pessoas, causando constrangimento e grande impacto em sua autoestima. Além do tom de voz alterado, o agressor também pode fazer isso por meio de gestos ou sinais que inibem a expressão da vítima, como se ela não pudesse ter lugar de fala ali, ou que sua opinião não fosse importante.
É quando uma mulher está falando e é interrompida por um homem que passa a explicar, para ela e aos demais, o que ela estava dizendo. Mansplaining é quando o homem explica o óbvio, como se a mulher não fosse intelectualmente capaz de entender. Já o manterrupting é quando ele interrompe a fala dela.
É comportamento violento quando um homem critica ou despreza a mulher, em particular ou em público, devido à sua aparência, seja em relação ao seu cabelo, roupas, peso, unhas etc. Muitas vezes, devido ao constrangimento, a vítima muda a forma de se vestir ou suas características para se adequar e atender expectativas, abrindo mão de sua personalidade.
Tanto entre colegas de trabalho, mas principalmente em uma relação conjugal, a comemoração de conquistas é algo saudável. Porém, em uma relação abusiva, o sucesso da mulher é desprezado, como se não tivesse mérito.
Este é um tipo de manipulação psicológica sutil que causa instabilidade emocional. O abusador mente, distorce a realidade e manipula a vítima. Em muitos casos, a vítima passa a duvidar de sua memória, percepção e sanidade.
Há em todo o País grupos de apoio, tanto às vítimas quanto voltados à reabilitação de agressores e que são importantes no combate à violência contra as mulheres. Caso você queira conhecer alguns, há listas na internet dos chamados “Grupos Reflexivos” (confira mais clicando aqui). Se você sofre ou conhece alguém que seja vítima de algum tipo de violência contra a mulher, não deixe de procurar um desses canais gratuitos de atendimento à mulher:
– 181 – Disque denúncia
A denúncia de violência pode ser feita de forma anônima e as informações serão conferidas pela polícia.
– 180 – Central de atendimento às mulheres
Com funcionamento 24 horas, a ligação é gratuita e confidencial.
– 190 – Polícia Militar
Destinado a emergências e urgências policiais, como violência doméstica em flagrante.
– Faça um X com o batom vermelho para pedir ajuda
Você sabia que há um protocolo de socorro simples e discreto que pode ser utilizado para a mulher pedir ajuda? É só fazer um sinal com o “X” com batom vermelho na palma da mão ou em um pedaço de papel, deixando-o em local visível para permitir que outra pessoa reconheça que ela foi vítima de violência doméstica e possa ajudá-la, acionando a Polícia Militar.
– Canal de Integridade Tribanco
O Tribanco também tem um canal 100% sigiloso, que funciona 24 horas e é aberto para denúncias de quaisquer formas de violência doméstica ou familiar contra a mulher. Basta ligar para 0800 648 6302 ou acessar www.tribanco.com.br (Canal de Integridade).
Esse canal atende tanto a colaboradores quanto a clientes ou fornecedores das Empresas Tribanco, dependendo do caso. Há um acolhimento e orientações gerais para vítima de violência doméstica ou familiar.
Lembre-se: se você foi ou está sendo vítima de violência doméstica ou familiar, peça ajuda.